Em 2019, a associada do Aramaçan, Verônica Hipólito conquistou a sétima medalha em Parapan-Americanos. Foram mais de 200 tumores na vida. Mas o que importa para Verônica são aqueles 200 metros. E como ela sempre supera os desafios, venceu mais esse. Medalhista de prata nos 200m classe T37 no Parapan de Lima. Prata que ela celebrou como se fosse ouro. Ou mais.

– Isso aqui é o meu ouro. Eu não estava andando, eu não consegui treinar para essa prova, eu não devia nem estar aqui no Parapan. Isso aqui é tudo nosso. Nossa bandeira, nossa medalha. Várias vezes achei que não ia conseguir voltar. Chorei demais. Muita dor. Mas tenho muita gente que está comigo, principalmente meus pais. Na cama do hospital e no alto do pódio. Lembro de cada nome de vocês. Prata de ouro – disse Verônica Hipólito ao SporTV 2, depois de descer do pódio dos 200 metros do atletismo com a medalha de prata no peito na capital peruana.

Aos 23 anos, em maio de 2018, Verônica teve de ser submetida a uma cirurgia para a retirada de um tumor do cérebro e iniciou uma difícil recuperação. Antes, ela já havia superado um total de 200 tumores, um AVC (acidente vascular cerebral) e a retirada de 90% do intestino grosso.

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– Se divirtam fazendo aquilo que vocês fazem, eu estava 20 quilos acima do meu peso, não estava nem andando… E estou aqui, deu. A gente conseguiu, todo mundo junto. Foi a chegada mais emocionante da minha vida. Eu sabia que o primeiro lugar estava distante, e não sabia nem se a medalha seria possível. Mas deu! – disse Verônica logo após a prova.

A atleta revelou ainda que não conseguiu treinar para a prova, chagando à final com o pior tempo entre as competidoras e tendo feito um treino de no máximo 120 metros para a prova dos 200.

– Eu sabia que minha chance de pódio era quase nula. Então meu plano foi simples, sai forte e continua forte. Ter meus pais no estádio foi um grande incentivo. Quando você tá com quem você ama, não tem nada que te deixe nervosa. Às vezes as pessoas não acreditam, mas todas pessoas são especiais para mim – disse a atleta que agradeceu ainda a amigos, atletas e à reportagem que acompanhou a prata dela.

Hipólito compete na categoria T38 para atletas com deficiência física oriunda de paralisia cerebral, sendo campeã mundial nos 200m rasos e vice-campeã mundial nos 100m no Mundial de Atletismo Paralímpico de Lyon, em 2013; campeã sul-americana nos 100m, 200m e salto em distância, e campeã dos Jogos Parapan-Americanos de Toronto (2015) nos 100m, 200m, 400m; além de prata (100m T38) e um bronze (400m T38) na Paralimpíada do Rio em 2016.

*Com informações de Globoesporte.com

Foto: @agitosfoundation